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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014 at 11:30
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#euli: #tfios ou a culpa é das estrelas (the fault in our stars)


Em geral eu sou meio contra ler livros muito hypados, tenho certa preguiça de algumas modas. Mas falaram tanto deste livro que resolvi descobrir do que se tratava. Parecia uma história inofensiva, um livro sobre dois adolescentes que se conhecem num grupo de apoio a criança com câncer e se apaixonam. Ledo engano...

De fato, é assim que o livro começa. Hazel é diagnosticada com câncer na tireóide com metástase nos pulmões, mas uma droga experimental lhe dá uma sobrevida. Seus pais se preocupam com o fato de que ela quase nunca sai de casa ou se interessa por viver, então a levam a este grupo de apoio, onde um dia conhece Augustus Waters, amigo de um dos participantes regulares, o Isaac. Augustus foi diagnosticado com osteosarcoma, ou câncer nos ossos, teve uma perna amputada mas está em remissão (período de tempo em que o paciente fica em observação para ter certeza de que a doença não voltará). Ele só vai àquela sessão para acompanhar Isaac, que perdeu o olho por causa de um improvável câncer no olho e agora provavelmente terá que retirar o remanescente pelo mesmo problema. Hazel acha aquele grupo de apoio mais deprimente do que eficiente e não faz questão de esconder o que pensa sobre a vida e a doença, o que fascina Augustus. Eles se conhecem e passam a compartilhar gostos e pontos de vista, inclusive uma certa obsessão por um autor recluso em Amsterdã.

Ok, até então eu realmente achava que o livro era sobre isso. Sobre se apaixonar e ter alguns percalços durante a história. Afinal, é um livro adolescente, né? Pois é, ledo engano, ledo engano...

A partir da viagem a Amsterdã as coisas degringolam. Se você já passou pela experiência de acompanhar alguém que você ama em um tratamento de câncer de perto, sabe que não é fácil. Não é uma tragédia todos os dias, mas é uma tragédia anunciada. É como se você recebesse uma bomba relógio, prestes a explodir, mas sem uma data marcada. Você só sabe que o inevitável (a morte) está rondando. É como ter um prazo pra fazer algo que você está acostumado a fazer todos os dias, mas de repente, por causa desse aviso, você se torna mais consciente da sua própria existência.

E acho que é ai que o livro pega. Toda história de câncer é triste, é uma batalha. E só quem passou por isso sabe. E o autor sabe muito bem descrever a situação, sem ser extremista e sem ser condescendente. Antes da viagem a Amsterdã, existem passagens muito realistas sobre o dia a dia de um paciente. Mesmo que ele esteja bem, ele não está 100%. Todo mundo tem seus dias bons e dias ruins, mas para um paciente de câncer os dias ruins são muito piores.

É no final da viagem a Amsterdã, no meio do livro, que está a frase que mais me tocou. "I lit up like a Christmas tree", fala Augustus sobre o exame que fez antes de embarcarem. Ele nem precisava falar mais nada. É o terror de quem passa por essa situação.

Dai então, não só a história de amor dos dois muda, mas muda também o tom do livro e o dia a dia de Augustus. Ele é muito real em descrever o que passa não só o paciente, mas aqueles que o cercam. Há dias bons e outros nem tanto. Há alegrias e muitos sustos. E por mais que você queira, você não consegue ser forte o tempo todo.

Depois disso, outra expressão que me fez cair em lágrimas foi "and that was the last good day I had with Augustus before his Last Good Day". Talvez todos nós passaremos por isso, mas de uma forma muito mais sutil. Um dia somos invencíveis, mas o tempo demanda a sua parte da sua invencibilidade, inexoravelmente. Alguém que tem seus dias contados (e tão curtos) sofre essa queda de uma forma muito mais brutal. Você sabe que o inevitável se aproxima muito mais rapidamente, que haverá um momento em que a doença tomará conta de tudo o que você conhece sobre quem você ama, mas não pode prever quando isso acontecerá. E antes que esse último dia passe, você não sabe que é esse o dia.

Eu chorei tanto nesse livro, mas tanto, que teve partes que eu tive que parar de ler porque nem conseguia mais enxergar! Eu soluçava de tanto chorar! E isso sem chegar ao final.

Acho que é uma história bem contada, as vezes realista demais, e para quem já passou pelo câncer, de alguma forma, ele é mais triste ainda. Os sentimentos são tão reais que machucam, te levam de volta exatamente àquele momento mais doloroso, porque é exatamente assim que é.

A intensidade do amor dos dois é amplificada por este quesito real. Faz "Romeu & Julieta" parecerem dois amadores. faz qualquer outra história triste parecer piada.

Eu não recomendaria esse livro a ninguém. Já disse que fiquei perturbada por ele e se pudesse, desle-lo-ia. É daquelas histórias que você fica dissecando até não aguentar mais, revivendo cada frase, cada momento. Pra terminar, as últimas frases (que não estão no fim) que mais doeram:

"(...)still, when I grabbed the phone from the bedside table and saw Gus’s Mom on the caller ID, everything inside of me collapsed."

"It was unbearable. The whole thing. Every second worse than the last.(...)  It felt like losing your co-rememberer meant losing the memory itself, as if the things we’d done were less real and important than they had been hours before."

"(...) I was saving my ten. And here it was, the great and terrible ten, slamming me again and again as I lay still and alone in my bed staring at the ceiling, the waves tossing me against the rocks then pulling me back out to sea so they could launch me again into the jagged face of the cliff, leaving me floating faceup on the water, undrowned."

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that would be me. bye!

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Pode me chamar de Vy. Balzaquiana com cara de universitária. Turismóloga de formação. Rodinha não só nos pés, mas no coração também. Introvertida. Blogueira old school.

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