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quinta-feira, 7 de agosto de 2014 at 10:30
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blogagem coletiva rotaroots: uma carta para meu pai

Chega agosto e é sempre a mesma coisa: pai herói, seu paizão e todos os outros clichês sobre dia dos pais. Minha mãe que trabalhou no comércio diz que dia dos pais é sempre o dia pobrinho, que os filhos compram o conjunto de lenços mais barato na loja.

Há 12 anos o meu dia dos pais é dia de saudade. De evitar todas as propaganas sobre dias dos pais. De abstrair o fato de eu fazer parte do triste clube dos pais mortos, como dirita Christina Yang*.

Esse ano não vai ser diferente. Há cada ano só aumenta aquela sensação de que se ele fosse vivo... Nada mudaria. Continuariamos a discutir feio pelas coisas, a discordar de tudo, a brigar pela bagunça. Mas há cada dia enxergo coisas que só ele fez por mim. Me ensinou a ter opinião, a brigar por aquilo que acredito, a lutar pelos meus sonhos. Me obrigou a entender autoridade, a ter respeito pelas regras e que ninguém está aqui pra me ajudar, que eu tenho que trabalhar por aquilo que quero, merecer os meus prêmios.

Eu não mudaria nada na nossa história, porque cada momento bom e ruim teve uma razão na minha vida, e eu vejo que as coisas boas vem do que ele colocou nela. Sou muito grata pelos 5 empregos que ele tinha ao mesmo tempo pra pagar a escola e não me fazer trabalhar por isso. Por me colocar na USP. Me colocar no caminho pra uma vida digna, com valores sólidos.

Até por não deixar minha mãe me mimar tudo o que ela gosta de me mimar. Eu não mudaria a relação conflituosa que tinhamos porque era o jeito de mostrar que ele se importava. Que não estava distante.

Eu não deixo uma carta porque mortos não podem ler, mas eu digo para aqueles que estão vivos: valorizem aqueles que ainda estão aqui, aqueles que vocês amam, aprendam com as dificuldades impostas. São elas que nos moldam, são obstaculos que nos fazem crescem, quem se importa com você com certeza vai te fazer ser uma pessoa melhor.

Bom dia dos pais é para aqueles que ainda tem um vivo. Não seja babaca de não falar com o seu. Porque o dia que ele se for, nem em uma oração você vai poder matar a saudade.

*Numa das primeiras temporadas de Grey's Anatomy o pai do O'Malley morre e a Christina é a única a ter uma conversa franca com ele, falando sobre o clube dos pais mortos.

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that would be me. bye!

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