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sexta-feira, 16 de outubro de 2015 at 08:30
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e já se foi um bimestre

Lembrando que aqui e uma escola, o tempo passa como em uma (apesar de não ter provas). E o primeiro bimestre já acabou! Nesse sábado, os alunos que moram no campus voltarão para casa para uma "semana do saco cheio". E a gente tem folga esse tempo todo!

Mas bem, tô tendo folga do que exatamente?

Quem me conhece sabe que eu não me sinto confortável na maioria das situações sociais no universo. O que quer dizer que eu odeio qualquer mudança que envolva conhecer muita gente nova. Toda vez que começo um trabalho novo, já odeio de cara por uns 3 meses, mas eu sei que eu odeio porque odeio ter que sociaizar com gente nova. Então, de cara, sim, eu ainda estou bem desconfortável por ter mudado de emprego, mas também sei que isso vai passar.

Mas aqui as coisas também são diferentes. O trabalho por exemplo. Eu achei que seria bem mais difícil, que eu teria muita dificuldade de aprender e me adaptar. Mas na verdade tem sido diferente. Pela primeira vez eu sinto que eu sei o que stou fazendo (guardadas as devidas proporções). E também nao tem pressão e stress. Sei que a posição de voluntária me dá esse conforto, de saber que a menos que eu realmente queira, eu não serei mandada embora, mas também tem o fato de que o que eu faco aqui não tem a cobrança do mundo corporativo. Isso aqui, apesar das mudanças dos últimos tempos (de antes de eu chegar) ainda é uma comunidade. Não tem essa de puxar o tapete, de se sobressair, de sacanear o colega ou humilhar um subordinado. Todo mundo trabalha para um bem comum.

Dito isso, a convivência com as pessoas é outra no trabalho. Tem muita gente de outros lugares aqui, as pessoas estão abertas a conhecer umas as outras e a serem legais de verdade. Sempre que conheço alguém novo as pessoas já me dão dicas do que fazer na região, de onde ir ra me divertir, pra passear, pra comer... Não tem fogueira de vaidades.

Aprofundando um pouco mais sobre o trabalho, existem 2 tipos:

Trabalho na sala de aula: dar suporte aos alunos nas atividades educacionais. As atividades são de aprendizado básico, ler, contar, atividades para a coordenação motora. Tipo pré escola mesmo. mas com pessoas com dificuldades de aprendizado e outras necessidades especiais intelectuais.

Por exemplo, tivemos uma aula no grupo amarelo para fazer um artesanato com palitos e lã. Era para enrolar cores diferentes em uma cruz. O aluno segurou a linha, escolheu as cors, enquanto eu fazia a parte mais complicada, que era virar a cruz. Parece bobagem, mas quando você vê o nível de dificuldade dos alunos aqui, entende que eu até que tive sorte de ficar com esse aluno (é um dos gêmeos que eu adoro - o dessa turma é da casa que meu amigo trabalha, o irmão está na minha casa e em outra turma).

Em outra ala, ajudei o outro gemêo a montar um chacoalho com um graveto (em Y). Ele escolheu os materiais pra decorar o graveto e ajudou a colocar as tampinhas no arame, mas eu que tive que prender o arame no graveto. E nossa, eu amo esses gemêos! Eles tem autismo e não se comunicam (mas não são rdos-mudos), mas entendem o que a gente diz e são muito bonzinhos! E são muito musicais, os dois amam aulas com músicas e ritmos. Sempre que os encontro eu estalo os dedos ou bato palmas, eles amam!

Na turma mais avançada que peguei, fomos fazer pesquisa de preços em uma lojinha aqui perto. E eles ainda compraram seus próprios drinks! Com a supervisão dos professores, claro. É muito comum os alunos terem alguma intolerância (tipo lactose, glutén), ou diabetes ou estarem em uma dieta restrita (muitos tem problemas na coluna e não podem ficar acima do peso), então sempre temos que ficar atentos ao que eles comem (as vezes eles não sabem que podem ou não comer).

Trabalho em casa: dar suporte nas atividades cotidianas. Tem muito de dar banho (ou superisionar quando eles fazem sozinhos), ajudar com necessidades fisiológicas (na minha casa tem 1 aluno que usa fraldas, vários que não sabem se limpar direito e outros tantos que precisam de constante lembrete para ir ao banheiro), supervisionar nutrição (como come, o que come, velocidade, etc), além dos jobs, como ajudar a limpar a sala de jantar, a cozinha, a louça, colocar coisas pra lavar na lavanderia, fazer a troca da roupa de cama, jogar o lixo no lugar certo, etc. No tempo livre, os alunos podem fazer o que quiser, mas tentams dar o máximo de atividades possíveis, desde escutar músicas sentados (tem alguns que mal conseguem parar 2 segundos quietos), até caminhadas, artesanatos (fazer cartões, colorir livros), receitas simples (bolos, pizza), etc.

O trabalho em casa é o mais cansativo porque exige contato maior com o aluno, e é praticamente 1 a 1, não tem ninguém te dando direções de como fazer ou te ajudando (na maior parte do tempo), mas é quando você tem a oportunidade de conhecer o aluno melhor, quando eles interagem mais e quando a confiança um no outro é construída.Na minha casa tem 2 alunos residentes que não falam, mas os outros falam bastante! As vezes parece que eles não estão exatamente interagindo, mas ai você percebe que no emaranhado de coisas que parecem não fazer sentido, tudo o que o aluno quer é qu você interaja com ele.

Eu já tive que limpar cocô? Tive sim. Foi nojento? Imensamente. Faria de novo? Oras, se o aluno precisar, sim! Nem tudo nese trabalho são flores, mas você aprende que eles não fazem de propósito. Alias, já tive que esperar aluno bater punheta e depois ir lá limpar a porra toda, literalmente, e nem por isso m esquivo de cuidar desse aluno mais (aliás, tirando o fato de que quando ele tem ataque de fúria ele machuca as pessoas, na maior parte do tempo ele é bem de boas e eu gosto de sentar e ouvi-lo assobiar por horas).

Mas também tem aqueles momentos em que o aluno solta, do nada, um "I love you", um "You're gorgeous" e e pede um abraço, na frente de todo mundo <3 Ou então quando você realmente acha a batida perfeita e tira o maior sorriso do aluno quieto no meio de um dia cinzento. E ai você percebe que são essas as coisas que valem a pena de verdade e que fazem a diferença. É perceber que você faz a diferença na vida de alguém, genuinamente.

Essa semana tiveos a última reunião do bimestre e foi bem positiva, feedback positivo pra todos os alunos e pro staff, que deve estar fazendo algo certo, né? E o começo do próximo bimestre parece bem positivo, esperamos que seja melhor ainda!

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that would be me. bye!

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Pode me chamar de Vy. Balzaquiana com cara de universitária. Turismóloga de formação. Rodinha não só nos pés, mas no coração também. Introvertida. Blogueira old school.

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