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sábado, 29 de outubro de 2016 at 12:30
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#sotmb: outubro rosa... ou como devemos falar de cancer


Confesso que sofri pra escrever este post. O outubro rosa é uma inciativa para encorajar as mulheres a realizar o auto exame de toque nas mamas para detectarem possíveis indícios de cancer como nódulos ou outras alterações nas mamas e nas axilas. As chances de um cancer aparecer crescem a medida que a mulher envelhece e a partir dos 35 anos é indicado que ela passe por exames "preventivos". Quanto antes o cancer for identificado e tratado, maiores são as chances de cura.

Mas diz ai, quem realmente lembra de fazer auto exame todo mês? E quem se preocupa de tentar achar um problema (afinal, quem procura, acha)?

A gente sempre acha que a gente é invencível e que cancer acontece com os outros, não com a gente. Mas vou contar, acontece sim. Pode não estar no seu corpo, mas pode aparecer ai no de alguém que você ama muito.

Eu conheci os poderes devastadores do cancer aos 16 anos. Naquela idade que a gente se acha no topo do mundo. I'm the king queen of the world!!! Pois é, mas quando você tá no topo, a única maneira de seguir em frente é pra baixo. Eu tinha todo um projeto de ir pro intercâmbio, um sonho, sabia que meus pais não tinham uma fortuna pra ficar me bancando luxo mas que eles viam naquela oportunidade a minha chance de não só realizar esse sonho como de pavimentar o meu futuro. Mas eu sabia que não tinha futuro se não tivesse família. Meu pai foi diagnosticado com um cancer de reto em estágio avançado um pouco antes de eu pagar a passagem pra viagem.

O médico deu 1 ano de sobrevida pra ele. Ia tratar da melhor forma possível, mas, falando com outro profissional da saúde, não tinha o que esconder, era essa a realidade para o caso dele.

Ainda assim meu pai insistiu e eu fui viajar, foi um dos momentos que marcaram a minha vida e definiram o meu futuro. Meu pai sobreviveu 3 anos e ainda me viu entrando na faculdade.

Meu pai sofreu? Com certeza. Ele tinha acabado de se aposentar, depois de uma vida trabalhando muito, de sol a sol. Achava que finalmente ia aproveitar a vida que tinha construído com tanto sacrifício. E nos últimos meses, a dor era física. Além do que ter um relógio da vida em contagem regressiva na cabeça não é algo pra que ninguém esteja preparado.

Mas algumas das coisas que poucas pessoas saibem é que a família sofre junto. Não existe nada que ninguém possa fazer pra melhorar a situação. Por mais que você ame alguém, você não pode dar a sua vida pra ela nessa situação. Você não pode remover a dor. Você é impotente diante do definhamento biológico de um ser humano que você ama.

Você vai me encontrar e eu vou contar que meu pai teve cancer e morreu como quem conta que foi na esquina e comeu um dogão. Mas eu não vou conseguir oferecer mais nada além disso sem me acabar em lágrimas de dor, como agora, sobre como todo o processo e cada detalhe foi e como ainda me faz sofrer pensar em tudo o que ele passou sem que eu pudesse fazer nada pra tirar isso dele e aliviar a dor que ele sentia. 

Estou longe de ser um exemplo, mas se você precisa de encorajamento pra se cuidar, pense na sua família e em quem você ama. Em como você não quer fazer essas pessoas sofrerem desnecessariamente por algo que pode ser evitado.

Se você quer saber um pouco como é ter alguém que você ama definhando diante dos seus olhos, leia o livro "A culpa é das estrelas". Não vou dar spoilers, mas o livro é sobre um casal adolescente em que ambos tem cancer. Preste atenção na segunda parte do livro (quando você lê, sabe do que eu estou falando). Mas leia, o filme não consegue passar essa parte tão bem quanto o livro.

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that would be me. bye!

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Pode me chamar de Vy. Balzaquiana com cara de universitária. Turismóloga de formação. Rodinha não só nos pés, mas no coração também. Introvertida. Blogueira old school.

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