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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014 at 11:30
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do eterno embate beleza x personalidade

Quando eu estava na faculdade, há muito mais tempo do que eu gostaria de lembrar, não tinha essa coisa de pílulas de pensamentos, o Twitter, nem o Facebook pra gente compartilhar as coisas em textos rápidos (no Orkut o negócio era espiar scrapbook alheio). Havia mais tempo para pensar textos mais complexos. Ou para ponderar as coisas antes de compartilhar com o mundo. deve ser por isso que os blogs eram mais pessoais e com mais texto, ao invés de imagem (não me levem a mal, eu adoro imagem, mas acabo nem lendo os textos que as acompanham).

Ai hoje eu ia começar a escrever uma coisa no facebook e parei. Pensei que ali nem ia ter espaço pra escrever tudo e eu tenho esse blog pelo qual eu pago, com todo o espaço do mundo pra inserir texto, e resolvi colocar uma das resoluções de ano novo em prática: escrever mais no blog. Postar mais. Eu deveria ter guardado os textos dos meus blogs antigos, nem que fosse pra comparar com o que eu sou hoje. Tinha muito do que eu pensava, muitos devaneios, naqueles textos.

Enfim, o que engatilhou tudo isso foi um costume que adquiri recentemente, e que nunca achei que ia ter: checar o "Explore" do Instagram. O pessoal do trabalho sempre falava que achava umas coisas interessantes, que passavam horas no Insta, mas eu nunca entendi como. Acabei descobrindo que a curiosidade humana não tem limites e a gente acaba "viciando" em ver o que completos estranhos estão fazendo. O que comem. Que gatos tem. O quanto malham.

Nessas me peguei olhando vários perfis de gente que começou projetos de transformação. Pela alimentação, pela atividade física, ou pelos dois. O Instagram é cheio de malhadores. De nutricionistas. De gente exibida mesmo.

Quando emagreci na primeira viagem do Japão, foi sem querer. Eu nem precisava mudar muito, mas a alimentação e a rotina me fizeram chegar ao peso da Sandy. Tudo bem que temos a mesma altura, mas não era muito saudável aquilo. Cheguei a um peso ideal no intercâmbio, que mantive por uns dois anos. Bons tempos aqueles. Ah, os vinte e poucos anos....

O problema é que depois ganhei muito peso muito rápido, totalmente sem perceber. Mesmo. Porque eu não saia de casa e não tinha que vestir minhas roupas. Não tinha parâmetro. Tive que comprar muita coisa porque nem o que eu tinha de antes da perda me servia mais. Eu nem tenho idéia de quanto eu cheguei a pesar, mas estacionei nos 59kgs. Não perco nem ganho. Já cheguei a fazer dieta de calorias e consegui perder, mas ganhei tudo de novo por desleixo. A verdade é que eu amo comer e tenho trauminha da época do Japão, de passar fominha. Mas meu corpo responde bem. Assim como ganha fácil, com certa disciplina, também consegue perder.

Eu não acredito muito que magreza esteja relacionada a saúde. Acho que cada um tem que estar feliz e saudável do jeito que é. Ou do jeito que quer ser. Não tem que se submeter a um padrão ou achar que tem que ser de um jeito para ser aceito na sociedade.

Dito isto, vim de uma cultura que preza o esforço e em casa sempre foi uma meritocracia. Ser bonito não se encaixa em coisas que podem ser mudadas ou que podem ser ganhas com esforço. Ser bonito é muito subjetivo. E ser bonito também não era uma coisa muito importante. Fui criada pra ter conteúdo. Ter caráter. Essas coisas que tinham algum sentido da virada do século... XIX. Aprendi que não podemos julgar as pessoas por aquilo que elas não podem controlar sobre si mesmas, como a cor do cabelo, da pele, a beleza exterior. Que o que conta é o que somos por dentro e que a capa as vezes pode não condizer com o texto do livro. Pra mim, é isso que importa. Nos outros, mas principalmente, em mim.

Alias, admito que as vezes tenho um certo preconceito reverso. Se acho alguém muito bonito, já acho que tem algum defeito de caráter. Ou como eu sempre falo que homem bonito demais deve ser ruim de cama, porque não tem que se esforçar muito pra conquistar as pessoas a sua volta, basta existir.

Mas eu também projeto essas coisas nos outros. Se um cara me acha bonita demais, tem algumas possibilidades: 1. cego; 2. tá tirando com a minha cara; 3. tá desesperado pra comer qualquer uma; 4. acha que sou burra/sem conteúdo/tonta. E também acho que beleza é muito perecível. Um cara que só me acha bonita uma hora vai ver que todo mundo envelhece. Que a gravidade é uma vadia com todo mundo.

Não que eu não queira que um namorado me ache bonita. Mas quero que seja muito além disso. Parece que quando existe o fator beleza, isso se torna uma barreira. Principalmente para uma pessoa tímida e introvertida como eu. Parece que a pessoa nem quer se esforçar de me conhecer.

Mas como libriana, eu tenho essa necessidade da harmonia e da beleza. Eu quero me sentir bem, olhar no espelho e gostar do que eu vejo. No momento não é o caso, mas eu sei que posso conseguir o que quero, se realmente me empenhar por isso. O problema é que isso começa a se tornar um grande paradoxo na minha cabeça. Tipo, sempre achei que se colocasse silicone, jamais acreditaria num homem na vida. Porque ia achar que eles estariam atrás só do peitão, e não da minha personalidade. É o mesmo tipo de pensamento que me ocorre quando penso em perder peso. Será que vou conseguir levar os caras a sério depois?

A resolução de cuidar do corpo é cliché do ano novo, mas é algo que eu sinto ser uma necessidade agora. É questão de saúde também. Depois dos 30, nada é mais igual, e começa a aparecer a necessidade da compensação. E acontece cada vez mais rápido.

Talvez eu só vá poder responder estas questões com o tempo. Ou elas podem se provar irracionais. Só o tempo vai me dizer, mesmo.

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that would be me. bye!

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Pode me chamar de Vy. Balzaquiana com cara de universitária. Turismóloga de formação. Rodinha não só nos pés, mas no coração também. Introvertida. Blogueira old school.

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