Eu sempre achei quem era uma pessoa de rotina. Eu vivi uma enorme rotina uns 18 anos da minha vida, era só o que eu conhecia. E é fato que o ser humano não gosta muito de mudanças, principalmente as repentinas. Existe um período para ajuste em que a gente fica meio desconfortável mesmo e eu achava que a rotina mantinha minha paz de espírito.
O que eu nunca percebi antes é que eu odiava rotina. Existe algo sobre a rotina que eu até curto, mas não por muito tempo, não do jeito "tempos modernos" (de Chaplin). O que e percebi é que a rotina me cansa e é ela que me faz desgostosa da vida.
Quando morava na roça, fazia sempre as mesmas coisas, com as mesmas pessoas, sempre igual, sem nada de novo. Tudo era sempre igual, formatado, sem chances de expandir. Não havia absolutamente nada de diferente, nunca, o que acabava cansativo e chato.
O que eu amo em SP é que existe grande variedade de tudo, principalmente de pensamentos e ideologias. Você é sempre forçado a ver as coisas de formas diferentes, de ângulos diversos. Não existe mesmice mesmo na rotina.
Exceto que o nosso cérebro é uma coisa louca e acaba encaixando a nossa falta de rotina num padrão que acaba nos chateando e logo nos vemos cansado da "mesmice" criada pela nossa cabeça maluca.
Ou pelo menos é o que andei notando que acontece comigo. Mudanças me deixam bem desconfortável, mas eu não sei se conseguiria viver uma vida previsível pra sempre.
Eu amo São Paulo e amo a vida que construí aqui. Gosto de saber que tenho opções de lazer e entretenimento na minha porta e companhia pra me divertir, mesmo sem planejamento pra isso. Mas vira e mexe me sinto cansada dessa imprevisibilidade previsível e sinto que preciso de coisas novas pra me impulsionar a crescer.
Em 7 anos e meio de faculdade fiz bastante coisa diferente. Foram vários estágios, cursos e viagens. E eu cheguei a reclamar de não ter uma certa rotina! Depois que me formei, em compensação, foram mais 7 anos de mesmice! Trabalhei em lugares diferentes, passei a levar uma vida "que eu sempre quis", mas ai comecei a ficar bem infeliz e não sabia o porquê. Achei que era uma crise existencial, que não sabia o que queria da vida...
Verdade que aprendi muito sobre mim e sobre a vida nesses últimos 2 anos e que isso não teria acontecido se tivesse ficado no mesmo lugar, mas andei refletindo e acabei percebendo que minha mola propulsora sempre foi a curiosidade. O novo sempre me fascinou, mesmo que também me deixe com muito receio. A curiosidade sempre leva a melhor, e acaba me levantar pra uma melhor.
Sabendo disso, não devo durar muito no mesmo lugar. Não digo que já penso em largar esse emprego, até porque tenho adorado, mas agora que me conheço melhor, sei identificar os sinais e posso planejar maneiras de lidar melhor com isso.
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