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terça-feira, 7 de julho de 2015 at 10:30
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#diáriodeviagem: hiroshima

Viajar pro outro lado do mundo deixa o fuso bem zuado, mas poderia ser pior. Acordei bem cedo, mas no fim foi bom. Me aprontei e fui pra estação. O bom no Japão é que parece que sempre tem um trem saindo pra onde você quer. Marquei meu assento e fui pegar meu Shinkansen pra Hiroshima de mala e cuia.

Eu já sabia que o trem passava pela província do meu avô materno, então fiquei esperta pra quando passássemos por Okayama. Esperava algo mais rural, mas foi interessante. Algumas excursões fazem parada ali para visitar o castelo da cidade. E onde no Japão não tem monumento, né?

Cheguei em Hiroshima e a primeira coisa que fui ver foi o locker pras malas. Lá do outro lado, claro. Depois fui ver como chegar ao Parque Memorial da Paz, o motivo da visita a cidade. Pra quem tem o JR pass, é possível pegar o ônibus turístico de graça, só apresentando o passe! E ainda me deram o mapinha das 2 linhas e o que ver no meio do caminho. Organização é outra coisa, né?


Entrei no ônibus e fui pro parque. Antes dele fica o domo, a única estrutura que ficou (meio) de pé depois do ataque da bomba atômica. Resolvi descer nele porque pela rota o ônibus parava lá antes. E no fim, vi que o mapa parecia muito maior do que as reais distâncias das coisas.


Chegando no domo, percebi como essa seria um passeio triste. A cidade em si é lindíssima, afinal, teve que ser reconstruída depois da segunda guerra e é muito mais palatável ao gosto ocidental: grandes áreas, ruas amplas, prédios... Não existe uma bad vibe na cidade, pelo contrário, mas é impossível estar lá e não lembrar dos horrores que a cidade sofreu com a bomba atômica.

O domo é uma lembrança viva da crueldade do homem. Não se trata de uma guerra e sim de destruir milhares de vidas e famílias a troco de imperialismo. É submeter vidas inocentes a dor e sofrimento.

O domo fica ao lado da ponte em formato de T, que era o alvo do ataque (acho que porque dava pra ver bem de cima e porque era o centro da cidade). O parque que foi construído para celebrar a paz fica do outro lado do rio. Nesse dia tinha várias excursões de crianças bem pequenas, cada grupo com um chapeuzinho de uma cor diferente. E elas não estavam gritando! Educação é outra coisa, né?

Atravessei a ponte. Não fiz nenhuma selfie no domo, não tem como. É muito impressionante e triste pra isso.

Entrei pelo parque por trás. O parque meio que "desce" até uma avenida principal, onde está o museu. Por onde entrei uma das primeiras coisas que vi foi o monumento em homenagem às crianças, que é o memorial da Sadako. Ela era um bebê na época do ataque, foi exposta a radiação mas sobreviveu aparentemente sem nenhuma sequela. 10 anos mais tarde, desenvolveu leucemia e depois de mais de 1 ano lutando, não resistiu a doença. O ponto mais marcante dessa história é que ela nunca perdeu a esperança, e enquanto se tratava no hospital, confeccionava tsurus, os origamis de passarinho tão típicos do Japão. Ela fez tsurus muito minúsculos!


Sabendo dessa história, esse monumento me parece muito triste! Em volta tem caixas onde os visitantes podem deixar suas homenagens, em geral, esculturas de tsuru de todas as formas.

Seguindo, lá ao fundo, está a chama da paz e o cenotáfo, o monumento com os nomes das vítimas da bomba. Ao final de 1945, cerca de 140.000 pessoas morreram por causa da bomba, além de milhares que sofreram danos na sua saúde pra sempre.

Atrás ainda está o Museu Memorial da Paz, um prédio super moderno e imponente. Uma parte está em reforma e só deve reabrir em 2016.


A entrada é bem baratinha, fiquei surpresa. Como em todo lugar no Japão, eles te dão um papelzinho, você só mostra na entrada e é só. Tipo, muito fácil entrar a qualquer hora, não tem um controle rígido! Bem, talvez porque lá as pessoas respeitem as regras...

A parte que está aberta é sobre o ataque em si, maquete da explosão, como a cidade ficou logo após, o que aconteceu com as pessoas e coisas, o tipo de informação que aparece nos documentários sobre o evento. Pelo museu todo tem voluntários que falam inglês explicando as exposições. Claro que eu comecei a chorar logo ali na entrada. Não tem nada horroroso nas exposições, mas a história em si é tão triste!!!

Depois da maquete, vem as reliquias. São objetos doados pelas famílias que tem alguma coisa a ver com o ataque e suas histórias. A grande maioria dessas coisas são lembranças de jovens que estavam na cidade em uma força tarefa para limpar a região e mantê-la segura em caso de ataque (evitar riscos de incêndio na maioria). As histórias são terríveis!!! Gente que andou muitos quilômetros pra morrer em casa, gente que nunca mais viu seus filhos, pais, mães, irmãos, amigos. Levem lenços, muitos lenços quando visitarem. Não é gráfico, é bem respeitoso, mas as histórias são muito tristes. Uma outra parte que está aberta conta um pouco dos efeitos da bomba e da radiação, mas mesmo assim é bem leve. Essa é a parte menos triste da exposição. Na saída há ainda videos de sobrevive. ntes. Preferi não assistir, fiquei cansada da exposição...

Descansei um pouco no bar e ainda fui ver o Memorial de Hiroshima às Vítimas da Bomba Atômica. A entrada é no subsolo e ainda tem que descer até uma parte onde tem uma foto 360 graus da cidade. Dá pra subir de novo e ir pra biblioteca e uma parte com videos sobre o livro "Children of the atomic bomb" (Filhos da bomba atômica), um livro com relatos de crianças sobre o ataque da bomba atômica. Foi um dos primeiros relatos que veio ao mundo sobre o que aconteceu naquele dia (até então os EUA censuravam quaisquer informações sobre os horrores que eles provocaram em Hiroshima e Nagasaki). É tristíssimo! São relatos inocentes e tão sofridos sobre os horrores daquele dia... Não vi muita coisa, não aguentava mais chorar...

Apesar do peso emocional, é um dos lugares mais lindos que já visitei na vida. É organizado, é limpo, é esteticamente bonito mesmo. Hiroshima em geral é emocionantemente bela e o parque é a cereja do bolo. Mas é triste, por carregar essa história tão horrorosa.

Já na hora do almoço resolvi seguir a dica de um amigo e procurar o lugar onde tem vários restaurantes de Okonomiyaki. Com a internet do museu, descobri que chamava Okonomimura e nem era tão longe. Mas o melhor mesmo foi perceber no mapa turístico que o ônibus passava por lá. win! O dia estava ensolarado demais pra caminhada, hehe...

O Okonomimura é um prédio com 3 andares com restaurantes que servem só Okonomiyaki. Okonomiyaki é tipo uma panqueca japa, feita numa chapa no balcão.

Sim, eu que pedi mais cebolinha! Nada que um pouco de mimica não ajude XD

Depois resolvi ir atrás do presente da minha mãe. Sim, foi a única coisa que ela pediu. Lá fui eu atrás dos tais noris de Hiroshima. Eu sei o que é um nori, claro, mas como eu ia saber qual era de lá??? Fui numa depato chique pois achei que seria um lugar onde as pessoas me entenderiam e onde eu acharia esse tipo de coisa. Mas que engano. Pelo menos na parte de me entenderem. Tentei pedir de diversas maneiras qual o nori de lá e ainda acho que a mulher não me entendeu. Comprei um pacote lá, mas não me convenci que era o tal que minha mãe queria.

Antes do fim da tarde tinha que voltar pra estação pra pegar o trem para Tokyo. umas 4 ou 5 horas de viagem ainda me esperavam! Porém tive um tempo pra correr na depato da estação e ver se tinha mais sucesso por lá e tive! A moça me entendeu e me mostrou qual o nori certo, até me vendeu um molho de ostras pra comer junto. E essas coisas nem são absurdamente caras. Na verdade, são bem baratas!

Peguei meu rumo pra Tokyo e acho que fiz uma coisa errada. Peguei o primeiro Shinkansen que passou, mas eu acho que eu não podia. Eu deveria descer em Osaka, aparentemente era onde o trem teria que parar, mas não parou. Quer dizer, parou, mas continuou, então não sai do trem, né? Cheguei mais cedo em Tokyo. Desci em Shinagawa e peguei o rumo pra Shibuya. Percebi que tava meio chovendo, mas aparentemente deve ter chovido muto mais antes pois havia avisos por toda a parte de que os trens estavam todos atrasados.

O negócio é que Tokyo é cheia. Tem gente pra todo o lado a toda a hora. Principalmente nessas estações principais. E eu e minhas malas...

Cheguei naquela estação gigante de Shibuya e mal sabia pra onde olhar. Por força do destino, sai pelo lado certo. E andei. E andei. O lugar que aluguei era do lado oposto aos trens, tem uma entrada direto, mas tem que andar pelo shopping todo praticamente!

Cheguei moída e resolvi pegar um taxi. Meu host de Tokyo enviou o endereço já em japonês e deixei o motorista se virar. O que no começo não pareceu uma boa idéia, ele não me entendia, eu não entendia ele e aparentemente ele não sabia chegar no endereço. E estava chovendo.

Depois de dar umas voltas, chegamos ao destino. Ridiculamente perto, mas o motorista não pareceu chateado, pelo contrário! Estava com vergonha de ter errado o caminho. Mas nem por isso paguei a mais. Honestidade...

Cheguei e dessa vez consegui abrir o correio e pegar a chave. Subi e não via a hora de entrar no apato e me jogar na cama.

Se eu já havia amado meu apato em Kyoto, esse de Tokyo tinha que ser excepcional. E era! Lindo!!! Me ganhou nas cores, tons de roxo e lilás, e super organizado. Era bem menor que o de Kyoto, mas era igualmente funcional e o host também foi super organizado.


Me jogeui na cama e... Jishin!!! Primeiro (e único) terremoto da viagem. Do 10º andar deu pra sentir bem, mas não foi nada sério.

Estava morta, só consegui ir até o combini, comprar um lamen (delícia) e me arrumar pra dormir. Tokyo, here I am!!!

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that would be me. bye!

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Pode me chamar de Vy. Balzaquiana com cara de universitária. Turismóloga de formação. Rodinha não só nos pés, mas no coração também. Introvertida. Blogueira old school.

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