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segunda-feira, 30 de maio de 2016 at 10:30
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#diáriodeviagem: berlim, passeios guiados

Com o tempo a gente vai ficando muito preguiçoso. Eu queria ter dinheiro pra não ter que me preocupar com nada, nem com viagem. Em parte, escolher ir pra Berlim foi por preguiça. Era só chegar, passear e voltar, nada de logisticas de ir de um canto pro outro na Europa e me preocupar com o que ver em cada lugar.

Já tinha reservado o dia em que cheguei pra não me preocupar com passeio. Tanto é que fui até Alexandreplatz mais porque eu vi do trem como era do que porque eu tinha qualquer interesse maior na região (mais sobre em outro post).

Vi em um dos quadros do hostel que tinha um passeio a pé gratuito que saia toda manhã, visitando os principais pontos do centro. No caso do Baxpax, um guia passa pra buscar os interessados e levar até o ponto de encontro oficial, meia hora antes do horário. A empresa é a New Europe e eles se concentram na Prasier Platz, na frente do Bradenburg Tor (bem na esquina do Starbucks), debaixo de guarda sóis vermelhos.

Os passeios a pé dessa empresa, pelo centro de Berlim, são gratuitos e guiados por voluntários. Mas não se enganem, todos são formados em algo relacionado a história da cidade, então eles tem muito conhecimento do que estão fazendo! A New Europe tem guias em alemão, inglês e espanhol, e em boa quantidade, porque os passeios são concorridos!

Esse passeio a pé dura 03 horas e passa pelos principais pontos, a começar, claro, pelo Portão de Bradenburgo.

O começo de maio, essa época que eu fui, é ótima. O tempo estava ensolarado, mas não muito quente, e é seco. É bom pra fazer caminhada e dá um bom animo, além do que o sol se põe tarde, lá pelas 21h!

Além de contar as coisas técnicas sobre os monumentos, os guias contam a história sobre o lugar, anedotas e tiram duvidas.

Depois do Portão, passsamos no Denkmal, o memorial às vítimas do holocausto. É aquele "cemitério" de blocos de concreto. Na verdade ninguém além do autor sabe o significado exato dos blocos, da quantidade nem de mais nada. É um memorial que fica a mercê da interpretação de cada um. O relevo é como um lago, as margens são rasas e a medida que você entra pelos blocos, vai ficando mais fundo. Do lado de fora dá a impressão de que os blocos são mais ou menos da mesma altura, mas como o terreno se aprofunda, os blocos ficam mais altos e a sensação de estar ali no meio é de estar se afogando.

O único ruim é que tem um povo pedindo dinheiro ali no meio =/
O legal desses passeios é que tem um povo bem simpático. Conheci uma canadense que mora na Holanda e troquei idéia com outras pessoas enquanto iamos de um lado pro outro.

Depois dali fomos pro meio de um condomínio e descobrimos que ali ficava o bunker do Hitler. Apesar da importância histórica, não é um ponto de interesse de visita pois os alemães não queriam que virasse ponto de peregrinação. Claro que ali eles contam a história do suicídio dele e de como o corpo dele não queimou por completo (porque os soldados encarregados não ficaram pra ver se o corpo ia queimar todo por medo de serem pegos pelos aliados).

Andamos até o antigo prédio da Luftwaffe, que é um dos poucos prédios de arquitetura nazista que restaram na cidade. É um prédio enorme e impressionante, que era exatamente o que Hitler queria.


No fim da rua fica o que restou do Muro de Berlim. Eu era criança quando o fim da separação da cidade foi anunciado e eu lembro de ver na tv o povo na rua, na frente do muro, subindo literalmente pela parede e achava que o muro era uma coisa super imponente e alta. E no fim, nem é mais alto do que um muro comum. O que dificultava é que atrás do muro tinha uma zona de segurança e os guardas tinham permissão pra matar quem tentasse atravessar.


Logo depois tivemos uma parada num café bem bonitinho ali do lado do muro e eles ofertaram mais outros passeios. Os passeios nem eram caros, então resolvi escolher outro. Na compra de 02 o segundo sai por metade do preço e no fim, levei um passe pro pub crawl deles.

Continuamos pela região, que tem várias exibições sobre a época do muro. No muro mesmo tem um museu sobre o nazismo. E logo mais a frente, tem o Check point Charlie. Essa era a entrada do muro que os estrangeiros podiam usar pra ir de um lado pro outro.


O que restou, na verdade, é uma réplica do posto de controle. Tem uns modelos posando de soldados americanos pra quem quiser tirar fotos. É uma região cheia de cafés e lojinhas. E estrangeiros, claro.

O passeio culmina no Gendarmenmarkt, a praça da igreja dos huguenotes. Na época da reforma cristã, protestantes franceses foram acolhidos na cidade e ganharam a sua igreja, para rezarem na sua lingua mãe. Logo os alemães reinvidicaram a sua igreja, e espelhando a igreja do huguenotes, está a igreja alemã. São igrejas gemeas!

Ao fim do passeio você pode simplesmente ir embora ou pode doar qualquer quantia para o guia. O passeio é muito bom, vale a pena dar pelo menos uns € 5 pra incentivar, porque os caras não ganham nada por esse passeio (eu acredito que eles revezam entre esse e os outros passeios pagos pra ter um ganha pão) e acho que é muito bom pra conhecer o básico da cidade.

Dali a gente ficou livre pra fazer o que quisesse. Eu andei por Unter der Linden até a ilha dos museus e depois dei um pulo em Potsdamer Platz, mas o Arkaden estava fechado porque era domingo, então acabei no Starbucks do Sony Center que tem um janelão excelente no piso superior que dá pra praça. Único ruim é que eles não tem conceito de iced tea, e o negócio é tomar chá quente com gelo =/.

Voltei pra me trocar e ir comer algo antes do pub crawl. Nesse pacote, desde que você mantenha a pulseira que eles dão, você pode participar do pub crawl o ano inteiro, quantas vezes quiser! E o bom é que saía ali pertinho de onde eu me hospedei.

Logo na rua já encontrei um dos meninos que estava comigo no passeio a pé de mais cedo. Um sino americano da Califórnia que está mochilando o mês todo. Dentro do primeiro bar conheci um peruano que parecia legal até tentar me convencer de que eu tinha que ter filhos (quase respondi que ele é que nunquinha mesmo que ia ser pai dos meu filhos mesmo se eu quisesse te-los!) e um grupo de canadenses que acabou de se formar da faculdade (e depois descobri que iam no mesmo passeio que eu no dia seguinte). O pub crawl tinha um monte de homem, mas logo chegou um grupo de mulheres e eu não fiquei tão deslocada.

Passamos por 04 bares antes de irmos pra balada e em cada um ganhamos 01 shot na entrada. Mas era domingo e estava tudo vazio! Então o jeito foi interagir dentro do grupo mesmo. Tinha ainda um israelense que foi ficando cada vez mais animado com cada shot de alcool que entrava no corpo dele e um argentino que claro que foi ser mala comigo quando descobriu que eu era brasileira (sorry, o mundo conhece o churrasco brasileiro, sinal de que sim, nosso churrasco é muito foda!)...

Eu não fui pra balada porque ia ficar muito tarde e não ia ter condução pra voltar pro hostel e no dia seguinte ainda tinha que acordar cedo pro passeio.

O tal do passeio que fui fazer no terceiro dia era o do campo de concentração. Quem me conhece sabe que eu não tinha planos de fazer tal passeio, mas depois do passeio a pé, achei que se eu estava lá, tinha que fazer esse passeio do campo também. Na segunda, no horário marcado, lá estava eu no Starbucks da Braderburg Tor. Com meu Welcome Card não tive que comprar passe extra pra fazer esse passeio, que acontece em Oranienburg, a 45 minutos de trem do centro de Berlim.

O passeio começa mesmo quando o trem para na estação. Era ali que os presos do campo desembarcavam, e faziam o trajeto pela cidade até o campo a pé, como nós fizemos. Todo mundo via, mas não fazia nada. Num primeiro momento não se sabia exatamente o que acontecia no campo, e depois, ninguém queria dar motivo pra ser mandado pra um.

O campo de concentração que fica em Oranienburg é o Sachsenhausen, um campo de trabalho forçado (leia-se: escravo). Além dos barracões onde os presos moravam, também tinha um centro de formação de oficiais da SS. E logo na entrada ficava um escritório que comandava como os campos deveriam ser geridos e utilizados, pelo Estado Nazista inteiro.


A parte que podemos visitar é a dos barracões e do extermínio. A parte que era usada para treinamento e formação de oficiais da SS é hoje utilizada para treinamento da Polícia. Eles alegam que essa proximidade faz com que sempre se lembre de que o abuso de poder pode trazer consequências muito ruins para o mundo.


Depois da tomada soviética, pouco sobrou dos barracões. Existem 02 que podem ser visitados, 01 que foi parcialmente incendiado e tornado museu, a cozinha e a prisão (onde os presos mais perigosos ficavam em solitárias). Todo o resto é área aberta. A área de cada barracão destruído é demarcada no chão. Eram algumas dezenas, que chegaram a abrigar mais de 70 mil presos.

Ao contrário do museu de Hiroshima, o campo de concentração não é muito gráfico. Pouco restou de registro do que era feito ali pelos nazistas, claro. Então não é uma visita tão pesada. Na verdade, achei bem sossegada. Cansa porque você anda o tempo todo, mas achei que ia sofrer muito mais psicologicamente.

Fora da área dos barracões ficava área de extermínio. Porque depois de um tempo ficou caro ficar mandando tanta gente ser morta em campos de extermínio e eles começaram a fazer o serviço ali mesmo. É nessa hora que o guia explica como era feito, e como as técnicas avançaram com o tempo. Ali em Sachsenhausen não tinha câmara de gás, então era feito tudo na bala...

Ninguém falou nada, mas a gente não parou pra comer. Levem lanchinhos se forem fazer esse passeio! Só fui comer na volta, quando paramos pra esperar o trem na estação.

Encontrei com os canadenses no começo do passeio, mas não fiquei grudada neles. Fomos conversando no trem, mas na volta me perdi deles quando fui pegar um vagão menos cheio.

Fui pra Potsdamer Platz de novo, e dessa vez peguei tudo aberto, hehe. O Arkaden é legal, mas preferi o Berlim Mall, que é ali perto. No meio do caminho, achei uma Uniqlo e encontrei com um dos canadenses. No dia seguintes eles já iam embora, e eu ainda tinha 48h na cidade.

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that would be me. bye!

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Pode me chamar de Vy. Balzaquiana com cara de universitária. Turismóloga de formação. Rodinha não só nos pés, mas no coração também. Introvertida. Blogueira old school.

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